sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Guerra e Carnaval

A maior potencia militar do planeta, prepara-se para oferecer ao mundo mais um espetáculo triste da guerra. O grande aparato militar, o extraordinário contingente de tropas, a eficiente e mortífera aviação de combate, os mísseis arrasadores, os poderosos porta-aviões, numa demonstração incomum de força, já se mobilizam, num desfile assustador, rumo às bases estratégicas, perto do território inimigo, à espera da ordem final para atacar. Começa a se armar o grandioso circo da guerra, tudo em terríveis e monstruosas proporções. E o mundo, estupefato, custa a acreditar nessa negra realidade.

Paradoxalmente, nós aqui no Brasil, o povo mais alegre e divertido do planeta, também estamos nos preparando para mostrar ao mundo o maior espetáculo da terra: o nosso carnaval. Enquanto nos Estados Unidos são convocados milhares de reservistas para a guerra, aqui a convocação é feita aos milhares de componentes das escolas de samba, para formarem o exército da alegria e os batalhões do samba.. Lá as fábricas de armamentos bélicos trabalham sem parar, na confecção de sofisticados engenhos de destruição. Aqui nos imensos galpões das sedes das escolas, incessantemente fabricamos alegorias, fantasias, adereços, tudo para traduzir em cores, luzes e brilho os temas e os enredos, cuidadosamente escolhidos. Como se fosse uma colossal fábrica de sonhos.
Em vez de bombas de muitas toneladas, foguetes e ogivas nucleares, aqui fabricamos muitos quilômetros de serpentina e toneladas de confetes que vão ser usados nas batalhas dos salões e dos clubes sociais, entre pierrôs e colombinas. Em vez de lança-chamas e lança-mísseis, usamos lança-perfumes e canhões de luz. Em vez dos feéricos e fantasmagóricos flashes noturnos deixados no céu pelas balas, mísseis e canhões, nosso espetáculo é o pipocar ensurdecedor dos fogos de artifício a clarear os céus, na saída das escolas. Em vez de tanques ameaçadores, são deslumbrantes carros abre-alas recheados de evas semi-nuas a esbanjar beleza e sensualidade. Em vez do cenário macabro da guerra, Sambódromo e Sapucaí coruscantes, a explodir de alegria e aplausos nos monumentais desfiles que deleitam nossos olhos. Em vez de baterias anti-aéreas, as baterias nota 10, na cadência perfeita e caprichosa do samba contagiante e bem marcado. Em vez de senhor da guerra, generais, ministros e secretários de defesa, temos reis momos, rainhas, mestres-salas, porta-bandeiras e comissões de frente com seus veteranos generais ex-combatentes do samba.

Oxalá eu encontrasse agora o gênio da lâmpada maravilhosa! Certamente o meu pedido seria que as nações beligerantes, parassem imediatamente com a obsessiva teimosia da guerra e fizessem um recuo estratégico, tal como é feito pelas baterias das escolas de samba. Se concentrassem, evoluíssem e penetrassem de vez na praça apoteótica da paz e da fraternidade universal e que, em vez de desfiles militares, manobras e operações de guerra, o mundo se unisse como num grandioso desfile de carnaval, e o enredo fosse a paz universal, com seus majestosos carros alegóricos, cujos destaques fossem todos os déspotas, tiranos, ditadores, de mãos dadas e unidos pela mesma alegria e pelo bem da humanidade. Só assim, talvez, o mundo não precisasse acabar tão tristemente em guerras e conflitos.
Que Alá nos proteja e que tudo acabe em samba!

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