sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A mosca de Barack Obama

O estrepitoso tabefe que o presidente Barack Obama desferiu naquela mosca que o importunava durante uma entrevista na Casa Branca ecoou rapidamente nos quatro cantos do planeta. De repente, o que parecia ser apenas uma cena simples e rotineira de uma pessoa tangendo e tentando livrar-se de um inseto insistente, e importuno, transformou-se num ato antológico, reprisado milhares de vezes nas televisões do mundo todo, como se tivesse sido praticado por uma entidade sobrenatural, um ídolo, uma divindade.
Apesar do ritual cabalístico que precedeu aquele acontecimento, com o presidente tentando demonstrar um estágio avançadíssimo de concentração mental, um estado de alerta leonino, uma aguçadissima acuidade sensorial, uma agilidade felina, uma desenvoltura e precisão de golpes próprias de um ninja, na realidade, tudo não passou de uma farsa, de um arrumadinnho muito bem montado e ensaiado. Isso se considerarmos que, de acordo com os cientistas da Nasa, contratados para estudar o caso, uma vez calculados o peso e a velocidade do impacto da mão do presidente sobre o frágil artrópode, salta aos olhos a óbvia conclusão de que, pelo aparente grau de violência com que foi desfechado o retumbante tapa, era de se esperar que o desafortunado díptero tivesse caído esmagado, coisa que não aconteceu, pois o animal caiu em decúbito dorsal, sem fraturas ou escoriações aparentes, dando a nítida impressão de que estava apenas desacordado ou fingindo-se de morto.
Isto foi exatamente o fato gerador da especulação que rapidamente se espalhou, à boca miúda, de que a mosca teria sido subornada ou até mesmo dopada para se deixar apanhar. Prato cheio para a oposição que, ávida para derrubar ainda mais os índices de popularidade do presidente, que já dão sinais de declínio, tratou logo de estudar aquele episódio em todos os seus aspectos, enfoques e ângulos. Para tanto, convidaram, parapsicólogos, médiuns, os maiores especialistas em insetologia, em artes marciais, ioga e, como não poderia deixar de ser, chamaram até aquele monge budista do filme Karatê Kid, que desafiava as leis da física apanhando com uma pinça moscas em pleno vôo.
Um dos entomólogos contratados recebeu a árdua tarefa de descobrir entre as mais de oitenta mil espécies de moscas já catalogadas, a que família pertencia aquela insolente e atrevida mosca; e também saber por que ela insistia tanto em pousar na face do ilustre mandatário americano.
De acordo com os comentários maldosos que logo tomaram vulto, o assédio da mosca se deu por que o homem mais poderoso da terra estaria relaxando a sua rotina de tomar banho diário, ou teria esquecido de fazer a profilaxia bucal matinal, o desodorante axilar já estaria vencido, etc. Foram exaustivamente estudados também os hábitos, o comportamento e as táticas utilizadas pelo pega-moscas, pequeno e curioso inseto que se alimenta de moscas e se destaca pela extrema agilidade e precisão absoluta, quase infalível, com que se aproxima da presa para desferir-lhe o bote certeiro. E ele só consegue essa façanha graças ao instinto natural aguçadíssimo de que é dotado. Daí a achar que o Obama seja possuidor desse impulso animal, é improvável, é impossível. E tudo isso para provar que o ilustre e tão incensado primeiro presidente negro dos Estados Unidos não passa de um mosca-morta, incapaz não só de matar qualquer inseto lento e rasteiro, muito menos realizar a proeza de apanhar uma mosca em pleno vôo, visto que esse díptero esquisóforo é perito na arte de voar, sendo considerado um dos animais mais ágeis da natureza.
Por outro lado, os americanos, que convivem diariamente com a paranóia do medo dos ataques terroristas, ao presenciarem aquele objeto até então não identificado rodeando insistentemente o presidente, acionaram imediatamente o alerta maximo e trataram logo de colocar em prontidão o Ministério da Defesa, principalmente o esquadrão anti-bombas e a brigada anti-terrorismo, considerando que aquele minúsculo objeto voador poderia ser um simples inseto, mas também poderia ser um mini-satélite espião, de tecnologia avançadíssima, enviado pelo Irã ou pela Coréia do Norte, para espionar a Casa Branca, estudar os hábitos do presidente ou, quiçá, até matá-lo. Felizmente, para alívio geral, prevaleceu a primeira hipótese.
Não perderam tempo também os humoristas e piadistas de plantão que sugeriram à Casa Branca que fosse criado um programa diário de televisão, cujo título poderia ser “Aprenda com Obama a se livrar das moscas”, “ O Homem mais Rápido que a Mosca”, ou simplesmente “O Mosca”, onde o presidente traria a público o seu segredo na arte de apanhar moscas voando, ensinando a todos como se livrar desse incômodo inseto alado. Predisseram também que o todo poderoso chefe de estado ao deixar a Casa Branca, no final de seu mandato, já estaria com emprego garantido numa grande empresa de dedetização, onde poria em prática o seu revolucionário método de matar moscas e outros insetos, sem a utilização dos nocivos inseticidas, pesticidas, fungicidas, etc.
Enquanto isso não acontece, aqui ficamos nós fazendo votos para que o grande chefe ianque nunca deixe a Casa Branca entregue às moscas, não fique por aí tentando matar moscas na base da porrada, não fique pensando que encontrou a mosca azul, e coloque, uma vez por todas, uma pá de cimento no padecimento que foi a era Bush e suas bushadas, porque, aqui pra nós, pior do que Bush, só chute no fazedor de pipi. Esperamos também que ele reserve toda a sua agilidade e destreza para dar boas e certeiras tapas no pé do ouvido das muitas moscas e mutucas insanas que andam por aí infernizando a vida do povo, tais como, Hugo Chaves, Evo Morales, Mahmud Ahmadinejad, Osama Bin Laden e, de modo especial, a mosca louca e atômica Kim Jong-Il, entre outras. Fazendo isso, todos irão dizer que o exterminador de insetos Barack Obama, com certeza, está acertando na mosca.

Nenhum comentário: